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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Atuação Fonoaudiológica na UTI Neonatal

A atuação do fonoaudiólgo no hospital é ainda muito desconhecida por parte da grande maioria dos profissionais de saúde que trabalham dentro de uma UTI Neonatal. O primeiro passo a ser dado é informar a equipe multidisciplinar quanto à importância do envolvimento e colaboração de todos para o sucesso da proposta do trabalho fonoaudiológico.


Os objetivos gerais podem ser resumidos basicamente em: promoção do bem-estar RN-equipe-família, o incentivo ao aleitamento materno, boa interação entre mãe e RN e a regulação do afluxo de estímulos ambientais (luz, ruído, etc).
Os objetivos específicos são: triagem auditiva dos neonatos e assistência à alimentação.


Triagem Auditiva
A triagem auditiva é dividida em 2 etapas, sendo a primeira composta pelo levantamento dos indicadores de risco para a deficiência auditiva e a segunda pela observação comportamental auditiva do neonato. Esta triagem se estende a todo o berçário de alto risco, sendo que a observação comportamental auditiva é realizada somente pelo fonoaudiólogo.



Os indicadores de risco associados com deficiência auditiva condutiva e/ou neuro-sensorial usados são os sugeridos pelo AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS: JOINT COMMITTEE ON INFANT HEARING (1994):
*Antecedentes familiares de deficiência auditiva neuro-sensorial;
*Infecções congênitas;
*Malformações anatômicas envolvendo cabeça-pescoço;
*Peso ao nascimento inferior a 1500gr;
*Hiperbilirrubinemia (a nível de exsanguíneo transfusão);
*Meningite bacteriana;
*Anoxia severa ao nascimento (Apgar 0-4 no 1º minuto e 0-6 no 5º minuto);
*Ventilação mecânica prolongada (> de 5 dias);
*Medicação ototóxica; sinais ou achados de síndromes associadas à deficiência auditiva condutiva ou neuro-sensorial.



Após realizada a pesquisa de risco, passa-se a fase da triagem que consiste na apresentação de estímulos sonoros verbais e não-verbais e na consequente observação e registro dos comportamentos eliciados por estes estímulos, por dois fonoaudiólogos treinados.
Os estímulos sonoros não-verbais são sons realizados através de instrumentos e brinquedos com variação de decibéis.
O teste é realizado em local silencioso, com o recém-nascido preferenciamente em estado de sono leve ou alerta, na ocasião da alta hospitalar. Os bebês que falham neste teste são encaminhados para avaliação otológica e audiológica completa.



Assistência à Alimentação
A promoção do processo de alimentação seguro e eficiente é outro objetivo da equipe fonoaudiológica. Muitos recém-nascidos têm dificuldade para se alimentar eficientemente por via oral, principalmente os pré-termos.
Estes bebês precisam de assistência, no sentido de promover uma situação de alimentação adequada, quanto à nutrição, ganho de peso, vínculo mãe/recém-nascido, sem riscos de aspiração ou stress excessivo.
As caracterísitcas mais encontradas nos bebês são: incoordenação de sucção, deglutição, respiração; sucção ineficiente e movimentos incoordenados de língua e mandíbula; curva descendente de peso; fadiga excessiva durante as mamadas e história de regurgitações e/ou aspirações frequentes. Estas alteração ocorrem devido a imaturidade do sistema sensório-motor-oral ou de malformações anatômicas envolvendo as estruturas que participam durante a sucção e deglutição.



A equipe médica determinará, sob o ponto de vista clínico geral, o momento mais adequado para iniciar o acompanhamento fonaodiológico, além de fornecer diagnósticos radiológico e neurológico, que comumente se fazem necessários.Os recém-nascidos recebem assitência antes, durante e depois do processo de instalação da via oral exclusiva. Procura-se orientar a equipe quanto à postura durante a administração alimentar, seleção do tipo e forma de alimentação, transição da gavagem para a alimentação por via oral e quanto à estimulação do sistema sensório-motor-oral.
O comportamento motor de sucção nutritiva eficiente consiste de velocidade média de 1 sucção por segundo; excurção rítmica da mandíbula; língua canelada; movimento rítmico da língua; vedamento labial; movimentação espontânea; deglutição eficiente, entre outros.



Assim que a condição clínica do recém-nascido permite, é realizada uma avaliação e inicia-se o processo de facilitação da instalação destas características.
A estimulação consiste de manobras de facilitação para a obtenção dos padrões motores-orais adequados. Tal estimulação ocorre concomitantemente às mamadas.

Dividimos os estímulos em:
1 - Extra-oral: massagens com toques leves na região perioral e bochechas, eliciando o reflexo de busca.
2 - Intra-oral: Introdução do dedo mínimo protegido por luva plástica descartável a fim de aliciar o reflexo de sucção, favorecer o canelamento da língua e o vedament labial. Além disso, procura-se contribuir para o estabelecimento de maior ritmo e força de sucção.
Quando o neonato está sendo alimentado por gavagem ou estomia, procuramos realizar a estimulação intra-oral durante a administração alimentar para favorecer a associação entre sucção e saciedade. A sucção não-nutritiva favorece o amadurecimento dos padrões oro-motores que serão fundamentais para a alimentação via oral.
A contribuição direta do trabalho fonoaudiológico, quer sob forma de orientação à equipe, quer sob forma de estimulação sensório-motor-oral, surge sob a forma de ganho de peso, aceleração da maturação do automatismo de sucção; diminuição do tempo de trânsito gastro-intestinal, transição mais rápida para a alimentação por via oral e diminuição do tempo de permanência no hospital.



Aleitamento Materno

Em relação ao aleitamento, a intervenção consistirá no encorajamento e orientação à mãe sobre as vantagens nutricionais, imunológicas, enzimáticas e hormonais do leite materno e sobre possíveis maneiras para a manutenção da produção do leite até que seu bebê esteja apto a iniciar o aleitamento natural. Se faz muito importante neste ponto o trabalho junto ao banco de leite instalado dentro da UTI, onde profissionais habilitados irão orientar e auxiliar as mães quanto à ordenha e armazenamento do leite materno.
O aleitamento materno é importante para o bom desenvolvimento facial da criança. Ao sugar o seio materno, o bebê realiza movimentos com a língua, lábios e toda a musculatura da face. Esses movimentos favorecem o crescimento correto dos ossos da face, além do alinhamento da mandíbula, retraída no recém-nascido, em relação ao maxilar. O resultado é a prevenção de problemas ortodônticos e fonoaudiológicos. Durante a sucção, todas as estruturas orais (língua, lábios, bochehcas, mandíbula, músculos da face) se desenvolve e fortalecem. Estes orgãos são fundamentais para que a criança possa posteriormente falar e mastigar corretamente. Muitas patologias encontradas na fase pré-escolar, se devem ao fato do recém-nascido não ter recebido adequadamente o aleitamento materno.  


 
As patologias mais comuns são:


- Deglutição Atípica: ocasionando problemas como mordidas abertas, profundas, cruzadas, etc que irão interferir no crescimento facial da criança.
- Distúrbios Fonoarticulatórios: hipotonia de lábios, língua e bochechas, ocasionando alteração na pronúncia correta dos fonemas no período de aprendizagem da fala.
- Distúrbios respiratórios: podem ocasionar o aparecimento da respiração bucal, que por si interfere no desenvolvimento facial, capacidade respiratória, distúrbios do sono, déficit de aprendizagem, atraso no desenvolvimento motor e sensorial, entre outros.


Autora: Drª Juliana Piassi
http://www.profala.com/arttf86.htm



Um comentário:

  1. Boa noite..
    Sou a Cláudia, fonoaudióloga de Cáceres-MT, esta foto postada aqui pertence ao acervo da minha pesquisa de Mestrado realizada em 2007.Foi tirada quando eu estimulava um bebê na UTI Neonatal do Hospital de Clínicas da UFPR.
    Vocês devem ter conseguido essa imagem no meu blog: oprematuro.blogspot.com
    Gostaria que vcs citassem a fonte.
    Obrigada

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